quinta-feira, 24 de março de 2016

A enigmática foto do "Goodair".

De quem era esta fotografia? Quem era esta misteriosa senhora, e por alma de quem aparece na minha caixa das fotos antigas?



No verso, a pista : < Oferece Júlia Nogueira Lacerda ao seu prezado mano João Maria Goodair de Lacerda Castelo Branco. >

Que sorte a minha apanhar um apelido pouco comum, um elemento distintivo que facilita e muito a investigação. Busco no Google, rapidamente encontro Hugo Goodair de Lacerda Castelo Branco, a combinação dos apelidos indicavam que eu não podia estar longe.  

Hugo Goodair de Lacerda Castelo Branco natural da Lapa, Lisboa a 2 de Julho de 1836 (projecto Germil) , filho de Francisco Maria de Figueiredo de Lacerda Castelo Branco e de Amélia Goodair. Era neto de Nicolau Xavier de Figueiredo Melo de Bulhões Lemos Castelo-Branco, 1 o Barão de Beduído, e de Maria da Penha de França Pereira de Lacerda. Foi Governador de Macau por duas vezes, uma de 1873 a 76 e outra de 1876 a 78. Reformou-se no posto de General em 1894. Casou com Maria Guilhermina Salomé de Carvalho com quem teve geração.


Porém, não detectava o apelido Nogueira, nem algum João Maria Goodair de Lacerda Castelo Branco. Eis então que encontro no meio da papelada umas breves notas genealógicas destes Goodair. 


E lá estava a resposta: um segundo casamento( anotação "outra mãe"), com geração e apelido materno Nogueira.

A sorte bafejou novamente. Encontro Vítor Hugo Nogueira de Lacerda Castelo Branco (projecto Germil), nascido a 12 de Setembro de 1873, São Mamede de Lisboa, filho de Hugo Goodair de Lacerda Castelo Branco e de Júlia Caetana de Anunciação Nogueira de Lacerda. Era então esta misteriosa senhora que aparecia na fotografia. E talvez o bébé seja Vitor Hugo. 

Falta apenas esclarecer quem seria João Maria, a quem a Júlia Nogueira de Lacerda chama “mano”. 
O meu palpite vai para João Maria ser seu cunhado, …,mas não lhe apanho pista. Terá ele recebido a foto, e algures no tempo partilhou-a com os seus primos? E assim, anos e anos depois aterra num caixote de fotos antigas, de enigmas a decifrar. 


segunda-feira, 21 de março de 2016

Um Casamento "Redondo".

Fonte: Geneall, D. Mariana Luísa de Sousa Coutinho 

Consta que foi um casamentão, este entre D. José Lobo da Silveira e a sua prima direita D. Mariana Luísa de Sousa Coutinho. Diz-se até que D. José falava da sua Boda como muito frutuosa, que para além de lhe resolver o problema de encontrar com quem fundar família, resolvia os problemas financeiros que ele herdava da sua própria casa de Alvito. Porém, e há aqui o revês, dizia ele que a rica noiva, filha única dos Condes de Redondo, herdeira universal dos pais, teve um inesperado irmão, de nome Fernando. A isto, o Alvito referia-se com pesar : <Uma partida da minha sogra! …coisas que só a mim me acontecem! >.
A verdade, é que D. Fernando, o mano mais novo de D. Mariana tinha 13 anos de idade a quando do casamento do Alvito.
O bom do Alvito, mais uma vez lançava o isco a quem o mordesse.
 Fonte: Geneall, D. José Lobo da Silveira

D. Mariana é filha do 15o Conde de Redondo. Nasceu a 18 de Maio de 1821 na freguesia de Coração de Jesus. Prima direita do futuro marido, pelo lado do pai, veio a casar também na freguesia de Coração de Jesus a 02 de Outubro 1848, no Oratório do Palácio do Conde Redondo na Rua de Santa Marta, pela mão de Dom António Armando Saldanha da Camara.
Fonte: Arquivo Camara Municipal de Lisboa, Documento PT/AMLSB/BAR/000704

Apesar da proximidade das famílias, foi realizado um acordo pré-nupcial, com o seguinte teor:
Aos 30 de Setembro 1848, o tabelião João Caetano Corrêa foi chamado à Rua de Santa Marta, Palácio dos Condes de Redondo, onde estavam presentes, de uma parte o Conde e a Condessa de Redondo e a sua filha D. Mariana Luísa de Sousa Coutinho com o seu procurador o Ex.mo Senhor Luís Carlos Pereira d’Abreu Bacelar de Castelo Branco e da outra parte os Condes Barões de Alvito e o filho primogénito D. José Lobo da Silveira Quaresma com o seu procurador Dom António do Santíssimo Sacramento Thomaz de Almeida e Lisboa; e logo pelos Ilustríssimos e Ex.mos Senhores Conde e Condessa Baronesa de Alvito e Conde e Condessa de Redondo, e foi dito ao tabelião e às demais testemunhas nomeadas e “assinadas” que desejando estreitar mais os laços de parentesco em que se acham, pretendem unir-se com laço conjugal o Ilustríssimo e Ex.mo Sr. D. José Lobo da Silveira Quaresma com a Ilustríssima e Excelentíssima Sra. D. Mariana Luísa de Sousa Coutinho para cujo fim obtiveram dispensa, estabelecem o seu contrato debaixo dos auspícios das leis de 17 Agosto de 1761, a de 4 de Fevereiro 1765, Real decreto de 17 de Julho de 1778, na parte em que estão em vigor, e são aplicáveis no presente contrato, a saber: Que a Ilustríssima e Ex.ma Sra futura se dota com os bens, direitos e acções que de futuro lhe hajam a pertencer; Que mais se dota com as joias e todos os objectos que formam o seu enxoval, ficando este e aquelas gozando sempre o privilégio de bens dotais; Que dos ditos bens poderá a dita Ilustríssima e Ex.ma Senhora futura dispor em Testamento no caso de não haverem filhos deste consórcio, bem assim daqueles que por sua cabeça vierem a calhar seja qual for o modo ou maneira; Que o Ilustríssimo e Ex.mo Sr. Conde e Ilustríssima e Ex.ma Sra. Condessa Baronesa de Alvito como administradora da sua casa, se obrigarão pelos rendimentos a contribuir a ela sua Ilustríssima Ex.ma Sra. futura nora com a quantia mensal de cinquenta mil reis pagos em mesadas adiantadas para seus alfinetes, e sobrevivendo a futura nora ao futuro noivo haverá de sua Casa a parte….que lhe compete no estado de viuvez conforme as Leis deste Reino.
Ficam com natureza de incomunicáveis as jóias, o enxoval prata e todos os demais bens que vierem a adquirir por sua cabeça seja qual for a sua natureza.
Assinam:
D. Mariana Luísa de Sousa Coutinho, D. José Lobo da Silveira Quaresma, Conde de Redondo, Condessa de Redondo, Condessa Baronesa de Alvito, Conde Barão de Alvito.
Luís Carlos Pereira d’Abreu Bacelar de Castelo Branco (casado com D. Maria de Jesus Luísa de Sousa Coutinho, tia de ambos os nubentes).
Dom António do Santíssimo Sacramento Thomaz de Almeida e Lisboa, Bacharel formado em Direito.
Testemunhas pelo lado do noivo:
Conde de Pombeiro (casado com D. Maria Francisca Luísa Sousa Coutinho, tia de ambos os nubentes).
Conde de Seia (primo dos nubentes, descendente Marquesa de Tancos).
António da Cunha e Lorena (casado com a prima de D. José, filha de D. Maria da Graça Lobo da Silveira).
Ascenso de Siqueira Freire (veio a ser segundo Conde de São Martinho, casado com D. Maria da Graça Lobo da Silveira).
Testemunhas pela parte da noiva:
Conde de São Lourenço, Brigadeiro do Exercito, Ministro e Secretário de Estado da Guerra.
Conde d’Atalaia, casado com D. Margarida Luísa de Sousa Coutinho, tia de ambos os nubentes, Manuel Luís de Sousa, e Conde da Ribeira Grande D. Francisco Gonçalves Zarco da Camara.

(Não parece pois que daqui viesse fortuna.)