Pelo interesse histórico que o sal
teve na nossa civilização, e no caso em concreto, na actividade económica de Setúbal,
aqui deixo apenas a descrição do que eram umas salinas na foz do rio Sado. Com
pena minha, não consigo localizar exactamente as ditas salinas, mas talvez
algum dos leitores possa vir a acrescentar informações que o venham a
permitir. Apenas uma nota informativa, um moio corresponde a 900 kg.
(fonte: Do glorioso passado das marinhas do Sado; Neves, Renato)
Aqui está uma avaliação das ditas
salinas em 1868:
#1 Uma marinha nas Praias, freguesia de
São Sebastião (da Palma, em Alcácer do Sal), desta cidade (Setúbal), que tinha
na repartição na extinta roda do sal, noventa moios, da qual são enfiteutas os
herdeiros de Agostinho Rodrigues Albino, e confronta pelo Norte com baldio de
Santo Ovídio, pertencente a José Joaquim de Oliveira e Silva, do Sul com
esteiro da citada marinha, Nascente com uma marinha de João José Soares, e
Poente com a de D. Ana Carlota de Gomes Meneses Ferro, e atendendo ao seu
estado lhe damos de valor a quantia de um conto e quinhentos mil réis.
#2 Uma marinha sita no Granadilho, dita
freguesia, que tinha na extinta roda do sal, vinte e três moios, da qual são
enfiteutas os ditos herdeiros, e confronta do Norte com esteiro da mesma
marinha, do Sul com madre d’água, do nascente com marinha de José Maria do Patrocínio
Meneses Ferro e do Poente com a de João Esteves de Carvalho, atendendo ao seu
estado, damos-lhe de valor a quantia de trezentos mil réis.
#3 Uma marinha denominada a primeira, no
sítio dos Montes, da dita freguesia, que tinha de repartição na extinta roda do
sal, setenta e um moios, da qual são enfiteutas os ditos herdeiros de Agostinho
Rodrigues Albino, e confronta do Norte com madre d’água da marinha do Guedes
pequena abaixo confrontada do Sul e Poente com a dita madre d’agua e nascente
com a marinha do Guedes, atendendo ao seu estado, damos-lhe de valor a quantia
de setecentos mil reis.
#4 Finalmente uma outra marinha no dito
sitio das Montes, denominada a segunda do Guedes pequena, que tinha de repartição
na extinta roda do sal, cinquenta e três moios da qual são enfiteutas os ditos
herdeiros, e confronta pelo Norte com a madre de agua e a marinha de José Maria
da Costa, do Sul com a Madre de água, do Nascente com marinha do dito José Maria da Costa, no mesmo alagamento e poente com a marinha do Guedes grande,
acima confrontadas e atendendo ao seu estado lhe damos de valor a quantia de
seiscentos mil reis.
Setúbal, 12 de Novembro 1868.
…..
E duas outras Marinhas, situadas no
esteiro da Palma, aforadas a Agostinho Rodrigues Albino, hoje a seus herdeiros:
#5 Uma marinha situada no esteiro da
Palma, freguesia de S. João da Palma deste julgado (Setúbal), e ali depois de a
termos examinado, vimos que confina do Norte com esteiro do Guedes, do Sul com
marinha dos Carmos de João Infante de Lacerda, do nascente com marinha Fidalga
de José Branco de Cabedo, e do Poente com marinha do Casarão de João Esteves de
Carvalho. Calculamos que a referida marinha pelo seu estado e extensão, deve
produzir, termo médio, nove centos moios de sal, que a preço médio de cada moio
de novecentos reis, sendo portanto a importância total da produção de oito
contos e dez mil reis. Que daquela quantia há a deduzir a quantia de trezentos
mil reis, importância das despesas de custeamento, vindo portanto a ser o
rendimento líquido da marinha quinhentos e dez mil reis, que tanto é o valor
locativo dela, e avaliamos conseguintemente o valor venal da mesma marinha em
dez contos e duzentos mil reis, importância de vinte rendas.
#5 Marinha denominada Guedes comprido,
situada nos retro mencionados esteiro e freguesia, e ali observamos que esta
confina do norte com a de João Esteves de Carvalho, de Sul com o rio da Palma e
marinha dos Penentes, do nascentes com marinha do João Esteves de Carvalho, e
do poente com rio da Palma. Calculamos em atenção à capacidade da mesma marinha
que a sua produção media deve ser de trezentos moios de sal, que a novecentos
reis cada um, importam em duzentos e setenta mil reis, que reduzidas as
despesas de custeamento que calculamos em cem mil reis, vem a ser a renda líquida
da marinha cento e setenta mil reis, e sendo este o valor locativo, segundo os cálculos
que fizemos e deixamos referidos, é o valor venal da marinha de três contos e
quatrocentos mil réis, importância de vinte rendas.
18 de Novembro 1868.