Na Sé Catedral de Goa, capela do Espírito Santo, está
sepultado Manuel de Morais Supico, que faleceu em 1630. Terá sido um rico
mercador, senão o mais rico da época, na viragem do século XVI para XVII, na
Índia.
É possível encontrar algumas referências em publicações,
a este rico mercador, tanto em Português como Inglês. Parece ser um personagem
com interesse histórico, pois a sua vida é espelho das oportunidades que as
rotas comerciais marítimas da Índia, Macau, Japão e Costa do Indico, ofereceram
aos mais aventureiros.
Manuel de Morais Supico, apesar de representar o
sucesso económico de alguns, e encerrar em si, quem sabe, muitas
histórias de alianças e disputas que nos ajudariam a compreender a história de
Portugal no Oriente, parece não ter sido investigado.
É certo que talvez sejam os portugueses quem mais
curiosidade tenham, a respeito das rotas comerciais e vidas da época. É de
esperar que venha de entre nós portugueses alguém que se debruce sobre este
personagem mas, não só por curiosidade se “levantam os mortos”. Quando deixamos
aos outros a narração da nossa História, pode bem ser que o enviesamento não
nos seja de todo favorável. Como tal, talvez seja de bom juízo procurar
informação e divulgar o nosso saber, para que conste que somos nós os guardiões
da memória dos nossos avoengos.
No que diz respeito à Índia e aos arquivos
históricos do período Português, é uma pena não existir em Portugal uma cópia
dos livros paroquiais, das conservatórias, da administração local e de tantos
outros documentos de grande interesse para a nossa história. Talvez um dia seja
possível um projecto de cooperação entre a Torre do Tombo e os Arquivos de Goa.
Oxalá!
Partindo da informação possível e acessível, na Sé
de Goa, na lápide da Capela do Espirito Santo, lê-se o epitáfio seguinte:
“Sepultura
de Manoel de Moraes Capico / fidalgo da Casa de Sua/ Majestade Commendador da /
Ordem de Christo e Senhor da / Villa de são Seriz e / de seus herdeiros.”
Na parede da Capela outra lápide revela:
“ Nesta
capella está instituído um morgado com huma missa cotediana e outras condições
declaradas no vinculo do dito morgado. Nella está sepultado Manuel de Moraes
Capico seu primeiro Instituidor natural de Tralos Montes fidalgo da casa de Sua
majestade Commendador do abito de Christo e Senhor da Villa se S. Seriz. Foi
vreador nesta cidade de Goa. Falleceo sendo autualmente Provedor da Santa
Misericordia em 17 de Maio de 1630. Pertence esta capela ao morgado e aos erdeiros
do dito defunto.”
fonte: retirada da internet
Manuel de Morais Supico é transmontano, e poderá
ser ou não natural de São Seriz, actualmente Sanceris, o que a sua lápide
declara é que era senhor da Vila de São Seriz, por volta dos finais do século
XVI. É possível encontrar estes apelidos em São Seriz, um tal Afonso Supico
(Felgueiras e Gaio) é referido como Senhor desta Vila.
É este rico mercador que institui o Morgado de Seridão, Curca e Goa-Velha,
composto de Palmares, várzeas, marinhas e terras. Este morgado, ou morgados são
confirmados pelo facto de terem sido transmitidos de geração em geração até
serem vendidos por volta de 1868.
A sua ascendência não está estabelecida. Quanto à
descendência, há quem lhe atribua muitos filhos do seu casamento com D. Maria
(ou Madalena) das Chagas, mas só é possível apresentar como certos dois nomes:
Donato de Morais Supico (G-2), que casou com D. Luísa de Sousa f. de Fradique Lopes de
Sousa, de quem teve D. Francisca de Morais mulher de D. Manuel Lobo da Silveira
fº. do Conde de Serzedas . Donato de Morais Supico casou 2ª vez com D. Leonor
Pereira f. de António Pereira de quem teve D. Margarida Pereira mulher de
Jerónimo de Utra Corte Real fº. de Luís de Utra Corte Real s.g.
D. Paula
de Morais Supico (G-2), que foi
2ª mulher de José Pinto Pereira Embaixador à Suécia pelo Rei D. João IV. Casou
2ª vez com Francisco Vaz Pinto Sr. da Casa do Bom Jardim ttº. de Pintos § 8 N
13 de que foi 2ª mulher. Casou 3ª vez com José Froes de Andrade fº. de António
Froes de Andrade.
A linha de Donato desaparece, extingue-se na sua
neta. Resta a linha de D. Paula Morais Supico.
Do seu casamento com José Pinto Pereira, D. Paula de Morais Supico (G-2) dá à luz António Luís Pinto Pereira (G-3) (há referências que apontam para
que António Luís seja filho de Francisco Vaz Pinto, mas parece ser mais
coerente a hipótese de ser filho do primeiro casamento pois tem exactamente os
mesmos apelidos).
António
Luis Pinto Pereira (G-3), proprietário
do Morgado de Curca, India. Fidalgo da casa de Sua Majestade. Cavaleiro
confesso do hábito de Cristo. Morador na Quinta das Conchas, Lumiar, casa com D. Madalena Josefa de Ataíde, de quem
nasce:
Cosme
Damião Pereira Pinto (G-4), a 15
de Outubro de 1691, que veio a ser Governador de Macau de 4 Agosto 1735 – 25
Agosto 1738 e de 25.08.1743 a 30.08.1747.
Cosme Damião tem um filho natural com D. Teresa Maria Micaela, de nome:
António
Xavier Pereira Pinto (G-5),
nascido a 4 de Novembro de 1733. Foi
Sargento Mor, proprietário dos Morgados de
Goa-velha, Seridão e Curca. Morador na sua Quinta das Conchas, Lumiar, Lisboa. Casa
com D. Antónia Joaquina de Portugal, de
quem nasce a 19 de Novembro de 1772:
Antónia
Leonor Pereira Pinto Guedes de Ataíde Portugal (G-6) que casa com António Maria de Brito Pegado Pacheco
de Vilhena. Deste casamento tem vários filhos, sendo o primogénito e herdeiro João Brito Pereira Pinto Guedes Pacheco
(G-7), nascido em 11.07.1796. Será nesta geração que o Morgado da Curca,
Seridão, Goa-Velha é vendido por cerca de 54 contos de reis.