segunda-feira, 25 de maio de 2015

von Oriola, e as voltas que o mundo dá.


Há poucos dias apareceu, finalmente, alguma informação sobre D. Joaquim José Lobo da Silveira, na página da Wikipedia Alemã. Digo finalmente em alemão, pois o sétimo conde de Oriola, em duas vidas, naturalizou-se Prussiano em 1822. Em Portugal, filho do 20 Marquês  e 120 Barão de Alvito, 60 Conde de Oriola, e de D. Bárbara de Meneses foi Gentil-Homem da Camara Del-Rei D. João VI, Provedor da Casa da Índia, Comendador da Ordem de Cristo, Enviado extraordinário Plenipotenciário junto da corte de Estocolmo, Enviado de Portugal aos Congressos de Viena de 1814 e Berlim, Embaixador extraordinário de Portugal em Paris.

(D. Joaquim Lobo da Silveira, 7 conde de Oriola, Graf von Oriola) 

Não me é clara a razão pela qual se torna Prussiano, nem porque razão ali lhe foi concedido o titulo de Conde von Oriola (Graf von Oriola) para si e para os seus descendentes. Na Prússia foi conselheiro de Sua Majestade o Rei da Prússia, Membro do Estado da Nobreza na Assembleia da Província da Lusácia onde comprou terras, Grã Cruz da Águia Vermelha da Prússia. Parece ser evidente que o Kaiser tinha por ele grande estima, e não consta que tenha sido pelo casamento que fez com Sofie Amelie Murray, na Suécia, filha do professor da Universidade de Gottingen Johan Andreas Murray, que venha alguma relação especial com o Kaiser, pois não encontro em Sofie alguma relação que o justifique.  Os motivos para tal tratamento da parte do Kaiser perderam-se no tempo, e agora já não há disso memória. O que consta é que em Portugal a notícia da sua naturalização não foi bem recebida. Diz-se que foi D. Miguel I, mas já ouvi que foi D. Maria quem lhe retirou a nacionalidade por “não ter as qualidades de um português”.  

Visto assim, à distância, diríamos que D. Joaquim, agora Graf von Oriola teria sido banido e ostracizado do Reino de Portugal, para nunca mais regressar. A história mostra o contrário. D. Joaquim Lobo da Silveira, Graf von Oriola tem várias filhas e dois filhos, um, Eduardo será General o outro, Deodato será Embaixador. É nas linhas descendentes destes que tornamos a vê-los regressar timidamente a Portugal. Ia jurar que todos falavam Português, pois um dos descendentes de Joaquim, nascido em 1895, seu bisneto vem a Portugal em 1960 e fala Português. Traz ainda a filha jovem, também versada na nossa língua. Ao fim de várias gerações, os laços emocionais continuam a ser alimentados, a memória prevalece.


(D. Eduardo Lobo da Silveira, Graf von Oriola; fonte: Olga Majeau) 

O mundo tão grande, e o tempo tanto o que já passou, é extraordinariamente organizado , colocando-nos ciclicamente nos mesmos percursos. Nesses caminhos, encontramos os outros ‘penitentes”, trazem perguntas que são as nossas respostas. Nem mais, duzentos e tal anos depois da saída de Portugal de D. Joaquim Lobo da Silveira, encontro uma sua neta à procura de respostas sobre a vida do seu bisavô Árpád Eperjesy de Szászváros et Toti, bisneto de D. Joaquim, Graf von Oriola. Árpád é filho de D. Armgard Lobo da Silveira, Gräfin von Oriola e de Albert Szaszvarosi Eperjesy, Diplomata ao serviço do Império Austro-Húngaro. Não causa surpresa o facto do Embaixador Albert Szaszvarosi Eperjesy tenha tido uma missão de 3 anos em Lisboa, entre 1902 e 1905.


(D. Armgard Lobo da Silveira, Gräfin von Oriola com o seu filho Árpád; fonte: Olga Majeau) 


Árpád Eperjesy de Szászváros et Toti nasceu em Roma, em 1882 e apesar de ter vivido até 1972, a sua vida e identidade era um mistério para a sal bisneta Olga. Na família, Elfi, avô de Olga e filha de Árpád contava as histórias dos seus avoengos, mas não de Árpád. E porque não?  Foram umas dezenas de cartas antigas, um anel e alguns retratos que aguçaram a curiosidade da bisneta que se lançou à descoberta. Soube que Árpád tinha sido deportado para um Gulag, nos anos 40, quando se encontrava em Budapeste.  Porquê? O que guarda este “personagem” só lendo o livro da sua bisneta, Olga Majeau.


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