(Embarque da Família Real, Belém, 1807, fonte: Wikipédia)
No dia 25 de Novembro de 1807,
por volta da meia-noite, à porta do Visconde de Rio Seco bateu um mensageiro D’El
Rei D. João VI requisitando a sua presença imediata no Palácio da Ajuda. Sem se
demorar nem um minuto, logo partiu para a Ajuda. Esperava-o Frei Custódio de
Campos, logo ali nos claustros do Palácio. <- Bem-haja por acorrer tão
depressa aos pedidos D’El Rei. Aguarde! > disse. O Visconde, D. José Joaquim d’Azevedo, segurou
nas mãos o pomposo chapéu, nervoso inspecionou as abas, os adereços, sacudiu a
chuva , entretia as mãos e largava dos pensamentos, rápidos, vagos. O que
seria? Porque razão o tinham chamado?
(Retrato Visconde de Rio Seco, Palácio Nacional da Ajuda).
De política, pouco sabia o
Visconde, já em contas era especialista. Em 1807 estava o Reino de Portugal num
estado deplorável, os cofres vazios, muito fruto das somas imensas que o
Governo Português tinha pago a Bonaparte, na tentativa de manter a
neutralidade. Esgotadas todas as
iniciativas diplomáticas, tendo já lançado mão de todas as missões possíveis
que se mostraram infrutíferas, pedidos todos os sacrifícios e feitas até
propostas desfavoráveis ao decoro nacional, reuniu-se mais uma vez o Conselho
de Estado. Tinha-se sabido naqueles dias que o exército inimigo tinha entrado
em três pontos do território Português. A situação era dramática, sem tempo
para lançar mãos às armas, até porque não havia orçamento, com Junot a entrar
por Abrantes, Carasa ia para o Porto e Solano para o Alentejo e Algarves, o que
fazer? Abandonar o Rei às mãos do inimigo? Aproveitar uma esquadra aportada em
Belém e fazer desaguar a Capital de Portugal, o Rei e o Reino pelas águas do
Tejo, rumo ao Brasil?
(Família Real Portuguesa, fonte : página da internet "História do Brasil")
<- Vossa Excelência pode
acompanhar-me.> , seguiram em passo rápido para a sala onde estava reunido o
Conselho de Estado. Ali, e de viva voz, foi Sua Majestade que lhe deu instruções sobre o embarque que devia acontecer
impreterivelmente na tarde de 27 de Novembro, i, é, daí a menos de 48 horas.
Logo começou a azáfama. O Ex.mo
Marquês de Vagos, Gentil Homem da Câmara, convocou o Ex.mo Conde de Redondo, Vedor da Ucharia
(despensa da casa real) , e Manuel da Cunha, Almirante da Esquadra, para
conjuntamente organizarem os remessas necessárias das suas repartições,
enquanto o Visconde de Rio Seco apressou-se ao Palácio das Necessidades para
ali verificar o que devia ser embarcado.
Havia ainda que combinar com o Padre José Eloi que pertences da Santa Igreja
Patriarcal poderiam ser transportados. Uma grande operação de logística, delegada
a cada um dos chefes da própria repartição. Quando ao Visconde, este assentou
barraca em Belém de onde viria a coordenar o dito embarque real.
(Embarque da Família Real, Belém, Lisboa, fonte: Wikipédia.)
No dia 27 de Novembro, pelas 8
horas da noite, chegou ao cais Sua Majestade e sua família que logo embarcam. Por seu turno, o Visconde de Rio Seco, depois de mais umas peripécias acaba por conseguir também embarcar com a
sua família rumo ao Rio de Janeiro. Assim foi. No dia 28 o tempo não estava de
feição, no dia 29, com o vento a soprar de nordeste El Rei manda levantar âncora,
com Junot às portas de Lisboa, a esquadra deixa as costas de Portugal. No dia
30, pelas 9 da manhã, Junot entra em Lisboa com o seu exército de cerca de
26.000 homens. A esquadra viria a desembarcar em Salvador da Bahia no ano
seguinte, a 24 de Janeiro de 1908.
(fonte: Postais de Portugal, internet)
Fontes: Exposição Analítica, e Justificativa da conduta e vida pública, do Visconde de Rio Seco, Rio de Janeiro, 1821). Wikipédia.
A imagem está erradamente identificada como "Família Real Portuguesa" quando, na verdade se trata da família real de Espanha - Carlos IV, rainha Maria Luisa e filhos. A princesa D. Carlota Joaquina não está retratada pois à data já se encontrava em Portugal.
ResponderEliminar