domingo, 28 de junho de 2015

Era o Sal de Setúbal




Pelo interesse histórico que o sal teve na nossa civilização, e no caso em concreto, na actividade económica de Setúbal, aqui deixo apenas a descrição do que eram umas salinas na foz do rio Sado. Com pena minha, não consigo localizar exactamente as ditas salinas, mas talvez algum dos leitores possa vir a acrescentar informações que o venham a permitir. Apenas uma nota informativa, um moio corresponde a 900 kg.

(fonte: Do glorioso passado das marinhas do Sado; Neves, Renato) 

Aqui está uma avaliação das ditas salinas em 1868:

#1 Uma marinha nas Praias, freguesia de São Sebastião (da Palma, em Alcácer do Sal), desta cidade (Setúbal), que tinha na repartição na extinta roda do sal, noventa moios, da qual são enfiteutas os herdeiros de Agostinho Rodrigues Albino, e confronta pelo Norte com baldio de Santo Ovídio, pertencente a José Joaquim de Oliveira e Silva, do Sul com esteiro da citada marinha, Nascente com uma marinha de João José Soares, e Poente com a de D. Ana Carlota de Gomes Meneses Ferro, e atendendo ao seu estado lhe damos de valor a quantia de um conto e quinhentos mil réis.

#2 Uma marinha sita no Granadilho, dita freguesia, que tinha na extinta roda do sal, vinte e três moios, da qual são enfiteutas os ditos herdeiros, e confronta do Norte com esteiro da mesma marinha, do Sul com madre d’água, do nascente com marinha de José Maria do Patrocínio Meneses Ferro e do Poente com a de João Esteves de Carvalho, atendendo ao seu estado, damos-lhe de valor a quantia de trezentos mil réis.

#3 Uma marinha denominada a primeira, no sítio dos Montes, da dita freguesia, que tinha de repartição na extinta roda do sal, setenta e um moios, da qual são enfiteutas os ditos herdeiros de Agostinho Rodrigues Albino, e confronta do Norte com madre d’água da marinha do Guedes pequena abaixo confrontada do Sul e Poente com a dita madre d’agua e nascente com a marinha do Guedes, atendendo ao seu estado, damos-lhe de valor a quantia de setecentos mil reis.

#4 Finalmente uma outra marinha no dito sitio das Montes, denominada a segunda do Guedes pequena, que tinha de repartição na extinta roda do sal, cinquenta e três moios da qual são enfiteutas os ditos herdeiros, e confronta pelo Norte com a madre de agua e a marinha de José Maria da Costa, do Sul com a Madre de água, do Nascente com marinha do dito José Maria da Costa, no mesmo alagamento e poente com a marinha do Guedes grande, acima confrontadas e atendendo ao seu estado lhe damos de valor a quantia de seiscentos mil reis.

Setúbal, 12 de Novembro 1868.
…..
E duas outras Marinhas, situadas no esteiro da Palma, aforadas a Agostinho Rodrigues Albino, hoje a seus herdeiros:

#5 Uma marinha situada no esteiro da Palma, freguesia de S. João da Palma deste julgado (Setúbal), e ali depois de a termos examinado, vimos que confina do Norte com esteiro do Guedes, do Sul com marinha dos Carmos de João Infante de Lacerda, do nascente com marinha Fidalga de José Branco de Cabedo, e do Poente com marinha do Casarão de João Esteves de Carvalho. Calculamos que a referida marinha pelo seu estado e extensão, deve produzir, termo médio, nove centos moios de sal, que a preço médio de cada moio de novecentos reis, sendo portanto a importância total da produção de oito contos e dez mil reis. Que daquela quantia há a deduzir a quantia de trezentos mil reis, importância das despesas de custeamento, vindo portanto a ser o rendimento líquido da marinha quinhentos e dez mil reis, que tanto é o valor locativo dela, e avaliamos conseguintemente o valor venal da mesma marinha em dez contos e duzentos mil reis, importância de vinte rendas.

#5 Marinha denominada Guedes comprido, situada nos retro mencionados esteiro e freguesia, e ali observamos que esta confina do norte com a de João Esteves de Carvalho, de Sul com o rio da Palma e marinha dos Penentes, do nascentes com marinha do João Esteves de Carvalho, e do poente com rio da Palma. Calculamos em atenção à capacidade da mesma marinha que a sua produção media deve ser de trezentos moios de sal, que a novecentos reis cada um, importam em duzentos e setenta mil reis, que reduzidas as despesas de custeamento que calculamos em cem mil reis, vem a ser a renda líquida da marinha cento e setenta mil reis, e sendo este o valor locativo, segundo os cálculos que fizemos e deixamos referidos, é o valor venal da marinha de três contos e quatrocentos mil réis, importância de vinte rendas.


18 de Novembro 1868. 

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